Evento ocorreu em Juiz de Fora (MG) e elencou o que precisa melhorar para o desenvolvimento tecnológico dos bancos de leite humano no país
(Belo Horizonte – 17/12/2019) A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) sediou, entre os dias 11 e 13 de dezembro, o 1º Workshop Sobre Leite Humano. O evento ocorreu no Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT), em Juiz de Fora (MG), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O objetivo do encontro foi suscitar discussões e formar um grupo de pesquisa em leite humano no Brasil com representantes das duas instituições.
A Fiocruz é responsável por administrar o maior e mais complexo banco de leite humano do mundo. Ao todo, são cerca de 160 mil litros distribuídos todos os anos a recém-nascidos prematuros e de baixo peso internados em unidades neonatais do país. O desejo de dar passos maiores e inovar nas pesquisas fez com que a instituição procurasse por pesquisadores da EPAMIG-ILCT que já têm interesse em colaborar com pesquisas em leite humano há algum tempo.
Com mais de 200 inscritos, o workshop reuniu pesquisadores, professores, médicos, enfermeiros, nutricionistas e estudantes do nível técnico e superior. Segundo a pesquisadora da EPAMIG-ILCT, Denise Sobral, o evento superou todas as expectativas. “Nós ficamos maravilhados diante da possibilidade de ajudar a salvar vidas. Esse propósito deixou nossa equipe bastante motivada”, destaca Denise.
Durante o workshop, a EPAMIG-ILCT apresentou suas pesquisas e a equipe da Rede Global de Bancos de Leite Humano (rBLH) do Brasil, sediada na Fiocruz, mostrou seus últimos produtos na área de informação, educação, assistência e imunologia. A troca de conhecimentos foi importante para embasar discussões e levantar objetivos de pesquisa comuns entre as instituições.
Uma visita técnica à fábrica de laticínios da EPAMIG-ILCT também compôs a programação do evento. Para a coordenadora do Centro de Referência de Bancos de Leite Humano, Danielle Silva, conhecer os equipamentos da fábrica serviu para entender como as tecnologias de alimentos podem ser aplicadas no leite humano. “Fizemos uma visita técnica à fábrica de laticínios da EPAMIG-ILCT e isso nos possibilitou enxergar um futuro de cooperação e inovação entre as duas instituições”, pontuou.
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Ainda de acordo com Danielle, o evento trouxe novas perspectivas para a área. Ao final dos três dias de programação, foi possível elencar quatro possíveis pesquisas para o desenvolvimento tecnológico dos bancos de leite humano e melhoria da segurança alimentar e nutricional de bebês prematuros portadores de patologias.
A primeira se refere ao processo de homogeneização do leite humano. Por sofrer com variações inevitáveis de temperaturas desde a coleta até a oferta em UTIs neonatais, as moléculas de gordura do leite perdem estabilidade e formam uma nata que não se reincorpora ao produto, o que causa alterações nutricionais com impactos para a saúde dos prematuros.
A segunda possibilidade de pesquisa diz respeito à pasteurização capaz de garantir aspectos bioativos do leite humano, mais eficiente que a pasteurização realizada hoje.
A terceira possibilidade, um “grande vazio na área”, nas palavras de Danielle, refere-se à possibilidade de investir em tecnologia “spray drier” para secar o leite humano. Transformar o leite em pó, e adequá-lo como fortificador, seria útil para atender as necessidades de crianças de baixo peso.
Por fim, a quarta possibilidade de pesquisa consiste em desenvolver um processo de filtragem do leite humano. Durante a coleta, o leite pode ser contaminado por diversos fatores, o que obriga o descarte do material e acarreta perdas de até 30% do estoque total dos bancos de leite.
No próximo mês a equipe da EPAMIG-ILCT fará uma reunião com representantes da Fiocruz no Rio de Janeiro (RJ). O objetivo do encontro será conhecer as instalações da instituição, estabelecer metas, definir o início dos trabalhos e pensar formas para captar recursos para as pesquisas.