Devolutiva do projeto, conduzido por EPAMIG e EMATER-MG será feita no dia 23 de outubro, durante o Encontro do Agronegócio em Itaobim
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(Belo Horizonte – 18/10/2024) As empresas de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) e de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (EMATER-MG), juntamente com as universidades federais de Minas Gerais (UFMG) e de São João del-Rei (UFSJ) e Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) concluíram o projeto de caracterização do Queijo Cabacinha. Os resultados preliminares do trabalho serão apresentados no dia 23 de outubro, durante o Encontro do Agronegócio no Vale do Jequitinhonha, em Itaobim.
Os estudos, em Rede, envolveram o acompanhamento do processo de fabricação do queijo em oito municípios da região e a realização de análises físico-químicas em seis laboratórios nos municípios de São João del Rei (EPAMIG), Belo Horizonte (UFMG), Sete Lagoas (UFSJ) e Salinas (IFNMG). O resultado e os relatórios técnicos do trabalho de caracterização serão apresentados aos produtores rurais nos dias 24 e 25 de outubro, em um encontro no Parque de Exposições de Pedra Azul (MG).
O secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, destaca a importância da conclusão do projeto para os produtores da região. “A produção do queijo Cabacinha na região do Vale do Jequitinhonha possui relevância socioeconômica e cultural significativa. A conclusão do processo de caracterização representa um marco inicial para a elaboração do regulamento técnico de identidade e qualidade do produto. O regulamento vai fortalecer a valorização do queijo Cabacinha, garantindo padrões consistentes de identidade, qualidade e segurança do consumidor”.
Para o diretor técnico da EMATER-MG, Gelson Lemes, a regulamentação técnica de identidade e qualidade do queijo Cabacinha representará “um marco de extrema relevância para toda a cadeia produtiva do Vale do Jequitinhonha”, afirma.
O pesquisador da EPAMIG Daniel Arantes, coordenador dos trabalhos lembra que a caracterização é uma antiga demanda dos queijeiros do Vale do Jequitinhonha. “A produção artesanal de queijo se tornou uma tradição desde meados do século passado e, atualmente, está incorporada à identidade regional. A imagem dos queijos em formato de cabaça pendurados em barracas ao longo das rodovias faz parte da paisagem da região, sendo o Cabacinha um produto que está presente na mesa da população local e na bagagem de quem visita o Vale do Jequitinhonha”.
“Esse passo só será possível, graças à pesquisa desenvolvida pela EPAMIG, com total e irrestrito apoio da EMATER-MG. O avanço não apenas confere segurança jurídica aos produtores, permitindo que comercializem o produto de forma regularizada, como também agrega valor ao queijo, reconhecendo suas características regionais e tradicionais. Além disso, o reconhecimento oficial do queijo Cabacinha fomenta o desenvolvimento regional, beneficiando diretamente os produtores rurais, além de estimular o turismo gastronômico, a cultura e os saberes que fazem parte da identidade do Vale”, ressalta Gelson Lemes.
O projeto
Os trabalhos para a caracterização do queijo Cabacinha tiveram início em 2021, quando a EMATER-MG conseguiu recursos de emenda parlamentar para a finalidade. Em novembro do mesmo ano, a EPAMIG assumiu a coordenação do projeto. A partir daí, a equipe passou a realizar visitas de acompanhamento, além coletas e análises de amostras em diferentes fases do processo produtivo para definir as características físico-químicas (proteína, gorduras, sais, umidade, dentre outros), microbiológicas (microrganismos e possíveis patógenos presentes no queijo) e sensoriais (como cor, consistência, aroma, textura, tamanho).
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As coletas foram realizadas em 30 queijarias de nove municípios da região (Jequitinhonha, Ponto dos Volantes, Itaobim, Comercinho, Medina, Cachoeira de Pajeú, Pedra Azul, Divisópolis e Joaíma). Para isso houve a capacitação dos extensionistas da EMATER-MG que ficaram responsáveis pelo manuseio e envio das amostras. As análises dos materiais coletados nos períodos de seca e de chuva foram realizadas por EPAMIG, UFMG, UFSJ e IFNMG. O projeto foi finalizado em 2024 e os relatórios encontram-se na fase final de tramitação para o pedido de regulamentação junto ao IMA.
“Os produtores foram bastante receptivos e se organizaram para formar uma associação, pois enxergam o grande potencial de mercado que o queijo Cabacinha possui e sabem que esse processo pode fortalecer a renda de todos eles. Nos dias 24 e 25, em Pedra Azul, vamos nos reunir com eles, coletiva e individualmente, para apresentar os resultados das análises e fornecer orientações para potencializar a produção”, finaliza Daniel Arantes.