Horta implantada pela empresa possui 18 espécies medicinais que estão na lista do programa Componente Verde, da Rede Farmácias de Minas
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(Belo Horizonte – 21/5/2020) Um projeto da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) tem contribuído para práticas de cultivo e uso de plantas medicinais por usuários de Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Viçosa, município da Zona da Mata mineira. O projeto consiste em ações educativas e na implantação de uma horta de plantas medicinais na própria UBS. O trabalho, realizado pela EPAMIG Sudeste, é feito em parceria com agentes públicos de saúde do município.
Com o objetivo de ampliar opções terapêuticas aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), a Secretaria de Saúde de Minas Gerais (Ses) lançou o programa Componente Verde, da Rede Farmácias de Minas. A estratégia adotada pelo governo do estado possibilitou o acesso da população a produtos como plantas medicinais in natura, plantas secas, fitoterápicos manipulados, industrializados e medicamentos homeopáticos. O município de Viçosa ainda não possui uma unidade da Rede Farmácias de Minas, mas aguarda o resultado do edital de 2019.
Segundo a pesquisadora da EPAMIG, Maira Christina Fonseca, a horta implantada pela empresa possui 18 espécies medicinais: alecrim, alfavaca, alecrim-pimenta, arruda, arnica, babosa, boldo, camomila, erva-doce, funcho, guaco, hortelã, malva, pitanga, poejo, quebra-pedra, salsa e tansagem. A pesquisadora destaca que essas espécies estão na Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (Renisus) e na lista do programa Componente Verde.
“O projeto mostra o interesse da população local e dos agentes de saúde em usar plantas medicinais como opção terapêutica. Além disso, desperta na população a vontade de aprender mais sobre plantas já conhecidas desde a infância. A população começa a interagir e a conhecer trabalhos de pesquisas de várias plantas medicinais realizados por instituições como a EPAMIG e isso cria uma proximidade entre a instituição e a comunidade atendida. Muitas vezes é a primeira oportunidade que as pessoas têm para aprender mais sobre o tema”, afirma a pesquisadora da EPAMIG, Wânia Neves.
O projeto foi realizado em etapas. Como forma de conhecer melhor o público, a equipe da EPAMIG promoveu uma roda de conversa com moradores cadastrados na UBS local para verificar o interesse das pessoas, propor atividades e esclarecer as primeiras dúvidas. Em seguida, a equipe aplicou um questionário aos participantes do projeto. O objetivo foi obter diagnósticos sobre o conhecimento das plantas medicinais e informações a respeito das doenças de mais incidência na comunidade.
“Tivemos conversas com 21 pessoas do bairro Santa Clara, em Viçosa, todos usuários da Unidade Básica de Saúde local. A interação mais próxima é essencial para conhecer a realidade da população. Durante as conversas ouvi várias vezes reclamações de dor de garganta, por exemplo. Dessa forma, preparamos mudas de guaco para a horta. Tudo com foco nas queixas dos moradores do bairro”, enfatiza Wânia Neves.
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Outra etapa do projeto consistiu na divulgação do uso correto de plantas medicinais validadas cientificamente. Para essa etapa de capacitação, a equipe da EPAMIG preparou palestras e realizou visitas técnicas para mostrar práticas de cultivo, modos de secagem, armazenamento e uso das plantas medicinais.
“A pesquisadora Maira Fonseca deu minicursos na EPAMIG de Viçosa para ensinar formas de preparo e uso das plantas. Tudo o que foi dado nos minicursos foi bastante ilustrado e com linguagem bem simples. Eu também dei palestras para apresentar as plantas de forma interativa. Nós deixamos os participantes bem livres e avaliamos as maneiras como as plantas medicinais eram utilizadas, se de forma certa ou errada”, destaca Wânia Neves.
Ainda segundo a pesquisadora, em grande parte dos casos o conhecimento sobre plantas medicinais é o único recurso terapêutico de comunidades mais afastadas de grandes centros urbanos. Porém, Wânia alerta para as chamadas “fake news”, informações falsas sobre o uso de plantas medicinais que são cada vez mais divulgadas para um grande número de pessoas.
“Na horta da EPAMIG havia uma planta que supostamente curava o câncer. A indicação de uso era a de tomar o suco batido dessa planta todos os dias. Isso era uma informação falsa. Na verdade, a planta em questão era indicada para cicatrização, ou seja, uso externo. Isso é um perigo, porque sem estudos científicos capazes de comprovar o uso medicinal de determinada planta, o estrago que ela pode causar na saúde das pessoas pode ser grande”, conclui Wânia.
Segundo as pesquisadoras idealizadoras do projeto, o principal desafio é manter as hortas ativas depois da primeira colheita. Além disso, outro desafio é levar o projeto para demais municípios interessados na implantação das hortas. Embora haja demandas, faltam recursos.
A EPAMIG publicou recentemente uma Circular Técnica com relatos do projeto de implantação do cultivo e uso de plantas medicinais em UBS do município de Viçosa. Para ler, clique aqui. A empresa é uma vinculada da Secretaria de Agricultura, Pecuária e abastecimento de Minas Gerais (Seapa).