A pesquisadora participa do painel “Manejo Agroecológico de Pragas na Cultura do Café”, que acontece no dia 6 de outubro, a partir das 8h, acompanhada pela também pesquisadora da EPAMIG, Elem Martins, e pela aluna de doutorado em Entomologia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Jéssica Martins.
Coberturas vegetais
Em sua exposição, Madelaine trará os últimos resultados da pesquisa em controle biológico de pragas do café, que envolve a manutenção de predadores e parasitoides naturais que eliminam, dentre outros, o bicho-mineiro, a broca-do-café, ácaros e cochonilhas. A pesquisadora destaca a importância do manejo de coberturas vegetais nas áreas das plantações, para que haja a proliferação de espécies que predem as pragas indesejadas. “Vamos trazer descobertas recentes sobre novas plantas e arbustos, com destaque especial para as espécies do gênero Senna, a erva baleeira e mais resultados sobre o Ingá. Observamos que elas oferecem grandes quantidades de néctar e pólen para alimentar os inimigos naturais das pragas do café”, ressalta.
A prática integra o chamado controle biológico conservativo que, diferente do controle biológico aumentativo, não libera inimigos naturais das pragas diretamente nas plantações de café, privilegiando técnicas que modifiquem a paisagem agrícola a médio-longo prazo. Isso faz com que inimigos naturais das pragas que já existam no local aumentem suas populações e que outras espécies sejam atraídas pela maior oferta de alimento.
“Esses inimigos naturais, que parasitam ou comem as pragas, também precisam de outras fontes de alimentação, como néctar e pólen, por conterem carboidratos e proteínas. Isso porque há fases do inseto, chamadas de ‘vida livre’, em que ele não preda e se alimenta apenas de pólen e néctar. Então se nós não tivermos plantas que forneçam essas substâncias, não é possível aumentar o número desses organismos benéficos”, destaca Madelaine. Dentre os principais insetos benéficos estão os crisopídeos, as joaninhas, as vespas predadoras, formigas predadoras, parasitoides e algumas espécies de ácaros predadores.
Além de favorecer o aparecimento dessas espécies, a diversificação dos plantios, com uso dessas plantas multifuncionais, também favorece microrganismos, como fungos, que regulam as populações das pragas e fazem associação com outras plantas, deixando o café simultaneamente mais resistente e protegido contra doenças. Isso favorece o controle mais sustentável do café, por gerar diminuições impactantes no uso de agroquímicos.
Bioinsumos
O controle biológico conservativo não será o único assunto tratado pela equipe de pesquisadoras durante o Simpósio. O evento será também uma oportunidade para Madelaine e sua equipe apresentarem recentes descobertas na área de insumos biológicos para o cultivo do café. Também conhecidas como bioinsumos, essas substâncias são necessárias quando o equilíbrio natural ainda não foi alcançado na plantação, ocasionando a inserção de compostos externos.
“Em pesquisas recentes, conseguimos encontrar as concentrações ideais e a forma de uso correta de insumos como caldas fitoprotetoras e inseticidas botânicos. Isso é de suma importância para que o produtor saiba como manejar o café de maneira apropriada, do contrário, ele pode prejudicar os insetos benéficos que combatem as pragas. Vamos focar principalmente nos resultados que obtivemos com o estudo da calda sulfocálcica” explica a pesquisadora. Dentre as práticas mais recorrentes atualmente estão o uso de insumos à base de fungos, além da inserção de ácaros predadores e crisopídeos para controle de pragas do café.
Produtores associados dão depoimentos
Madelaine destaca que, além da ampla divulgação científica de pesquisas na área do cultivo agroecológico do café, o Simpósio também oferece um espaço para que produtores da bebida compartilhem experiências positivas vividas em suas propriedades. “Serão apresentados quatro cases de sucesso durante o evento, dois de produtores que cultivam café em unidades demonstrativas associadas à EPAMIG, localizadas na região do Cerrado mineiro: Marcelo Urtado, da Fazenda Três Meninas, situada em Monte Carmelo, e Lucimar Silva, da Fazenda Guima, no município de Varjão de Minas”, celebra a pesquisadora.
As inscrições para o 3º Simpósio Brasileiro do Manejo Biológico do Café podem ser feitas pelo link.
A EPAMIG é vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa).