Queijo processado com tecnologia da EPAMIG poderá ser degustado na Feira de Gastronomia e Alimentos de Minas, a partir de 28 de abril, na Expozebu, em Uberaba
(Uberaba 05/04/2018) A história do queijo artesanal foi tema da Feira do Agronegócio Mineiro (Femec), deste ano, em Uberlândia, MG. Considerado um produto clandestino até o século passado, desde que o governo do estado e produtores se uniram, há 17 anos, as mudanças foram significativas. O produto passou por um resgate cultural, melhorias em todo seu processo produtivo, até ser reconhecido como um alimento tradicional da culinária mineira e vendido de forma legal no país. Toda esta transformação gerou mais dignidade e renda para as famílias no campo.
Na opinião do pesquisador do Instituto de Laticínios Cândido Tostes -ILCT EPAMIG, Adauto de Matos Lemos, a pesquisa tem um papel importante na valorização do queijo artesanal, porque os projetos em andamento atendem demandas tecnológicas dos produtores em diferentes aspectos como: tempo de maturação, comportamento da microbiota dos diferentes queijos, contaminação dos fungos, entre outros. “Trabalhos mais recentes dão indicações de segurança para consumo e qualidade sensorial. Esses resultados científicos, incluindo indicadores geoeconômico e social, serão compilados num banco de dados sobre queijos artesanais que será disponibilizado”, informa.
Para desenvolver melhor o trabalho em torno deste patrimônio do povo mineiro, até o momento, as áreas produtoras foram divididas em sete regionais: Araxá, Campos das Vertentes, Canastra, Cerrado, Serra do Salitre, Serro e Triângulo Mineiro. Cerca de 300 estabelecimentos foram registrados e, hoje, recebem supervisão técnica e inspeção sanitária, o que garantiu mais segurança alimentar para o consumidor.
Segundo o presidente da Associação dos Produtores de Queijo Canastra (Aprocan) e produtor do queijo artesanal, João Leite, as pesquisas são importantes, porém ainda há muito a ser feito. Para ele, a qualidade de um bom queijo está diretamente ligada à qualidade do leite que, por sua vez, se relaciona com uma boa alimentação do gado e com os cuidados que o rebanho recebe. “Contamos com a tecnologia em genética e zootécnica da EPAMIG para obtermos um leite de maior qualidade e consequentemente um queijo ainda melhor. Precisamos de mais investimento em pesquisas direcionadas ao leite cru”, salienta.
Na sua propriedade, no município de São Roque de Minas, ele produz três tipos de queijo: Canastrinha, Canastra tradicional e Canastra Real. “Para chegar num padrão de qualidade, como o Canastra Real, seguimos a nossa tradição. A vaca se alimenta de uma pastagem natural e, na hora da ordenha, colocamos um litro de fubá de milho com caroço de algodão ou farelo de algodão, farelo de soja e sal mineral para que ela se alimente e fique tranquila no momento da ordenha”, explica. Ele revela, ainda, que o segredo é manter a vaca o mais feliz possível durante a ordenha, com o bezerro amarrado ao lado, o chamado “bezerro ao pé da vaca”, para que ela sinta que sua cria está ali e não tenha estresse.