Modelo de horta agroecológica utiliza água captada da chuva para irrigação durante os períodos de estiagem
(Belo Horizonte – 27/2/2020) Um projeto da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), iniciado em 2009, ajuda na alimentação e complementa a renda de famílias do Norte do estado e do Vale do Jequitinhonha. A empresa auxilia na construção de hortas circulares agroecológicas em associações ou em áreas de agricultura familiar como alternativa às formas convencionais de produção de alimentos.
A ideia de implementar hortas circulares no Norte de Minas surgiu com o objetivo de alimentar os próprios funcionários da EPAMIG nos cinco Campos Experimentais da empresa na região. No início, toda produção era dividida entre os funcionários. Algum tempo depois, a equipe local começou a utilizar água captada da chuva para irrigar a horta durante os períodos de estiagem. O modelo de horta funcionou e o projeto começou a ser levado para outros municípios mineiros.
De acordo com a pesquisadora da EPAMIG, Polyanna de Oliveira, o modelo de hortas circulares agroecológicas já existia em outros locais do país. Contudo, aliado ao uso racional da água, o modelo agroecológico se destacou no Norte de Minas como resposta às necessidades de famílias e pequenos agricultores.
“As famílias da região que possuem hortas circulares implementadas utilizam a produção para consumo próprio e vendem o excedente. Em um mês uma horta média consegue alimentar facilmente uma família de cinco pessoas”, avalia Polyanna.
As hortas não são circulares por acaso. O modelo funciona como curvas de nível, o que faz com que toda água que cai na horta permaneça dentro dela. Desse modo, é possível reduzir a erosão em locais mais declivosos e, em locais planos, aproveita-se melhor a água da irrigação. Também, outra vantagem do modelo circular é a redução do deslocamento dos trabalhadores, sem contar que esteticamente as hortas circulares são bastante bonitas.
Ainda de acordo com Polyanna, o que importa não é o tamanho das hortas, mas a diversidade presente nelas. A pesquisadora afirma que mesmo em regiões semiáridas, como no Norte de Minas, é possível plantar de tudo: hortaliças folhosas, tubérculos, legumes, verduras, grandes culturas e até fruteiras. As cercas das hortas são aproveitadas para plantio de maracujá e de feijão guandu. Já o centro é reservado para galinheiro, tanque de peixes ou espiral de ervas aromáticas, medicinais ou condimentos.
“A escolha do que colocar no centro da horta depende da disponibilidade de área, de água e do interesse do produtor. No total já construímos doze hortas em municípios do Norte de Minas, no Vale do Jequitinhonha e também na região Leste do estado. No mínimo 50 famílias já foram diretamente beneficiadas com esse projeto da EPAMIG. Indiretamente o número é ainda maior”, conclui Polyanna.
Exemplo de beneficiados indiretos são as escolas, creches e famílias do entorno da Associação Mãos de Fada, em Leme do Prado (MG). A Associação recebeu auxílio da EPAMIG no passado e hoje trabalha com hortas circulares para atender a comunidade.
“Nossa horta circular aqui na Associação veio para ajudar. Uma excelente ideia que supre exatamente a demanda por alimentos na nossa microrregião, e alimentos sem agrotóxicos”, celebra a presidente da Associação Mãos de Fada, Eliane Xavier.