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Herbário PAMG EPAMIG apresenta pesquisas sobre plantas ameaçadas de extinção

Herbário PAMG EPAMIG apresenta pesquisas sobre plantas ameaçadas de extinção

Trabalhos de revisão taxonômica podem auxiliar políticas governamentais de preservação e manutenção de espécies típicas de Minas Gerais

Andréia Fonseca (esq.), pesquisadora curadora do Herbário PAMG, e Grazielle Resende (dir.), bolsista-estagiária e aluna de graduação em Ciências Biológicas, exibem um exemplar do acervo da EPAMIG. Foto: Erasmo Pereira/Epamig

(Belo Horizonte – 1/12/2023) O Brasil possui a flora mais rica do mundo. Por isso, o trabalho de identificação e classificação de espécies botânicas realizado em herbários de todo o país é necessário para a atualização de dados, que servem de referência para ações e políticas de preservação ambiental de diversas plantas, dentre elas aquelas ameaçadas de extinção.

O Herbário PAMG da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) comporta o quarto maior acervo do estado, com aproximadamente 59.000 exsicatas (plantas desidratadas em estufa e montadas em papel cartonado). O conhecimento sobre a evolução das características das plantas, gerado por meio dos estudos genéticos, faz com que as espécies saiam de determinadas famílias e passem a integrar outras, o que ocasiona a necessidade de constantes atualizações de nomenclatura e identificação.

Em pesquisas desenvolvidas ao longo de 2022 e 2023, a equipe do Herbário PAMG EPAMIG revisou e atualizou os registros taxonômicos de algumas espécies de duas famílias botânicas: Eriocaulaceae e Velloziaceae. Algumas dessas espécies estudadas são endêmicas de Minas Gerais, ou seja, ocorrem apenas no estado mineiro, e se encontram em risco de extinção.

“A listagem dessas espécies e a disponibilização dos dados dessas exsicatas auxiliam estudos de conservação e preservação, à medida que outros órgãos e pesquisadores podem usar essas informações presentes no Herbário PAMG EPAMIG”, explica a aluna de graduação em Ciências Biológicas da PUC Minas, e bolsista-estagiária do Herbário PAMG EPAMIG, Grazielle Resende.

 

Armários especiais mantidos em temperatura e umidade controladas guardam as mais de 59.000 exsicatas (plantas desidratadas em estufa e montadas em papel cartonado) do Herbário PAMG EPAMIG. Foto: Pedro Veras/Epamig

Atualizações sobre riscos de extinção

A estudante foi a principal responsável pelos dois trabalhos, cujos resultados foram apresentados em formato de pôster, durante o XV Workshop do Programa de Pós-graduação em Biologia Vegetal da UFMG, no início deste mês. As apresentações podem ser conferidas nos seguintes links: https://www.youtube.com/watch?v=5x00D7YVJm4 e https://www.youtube.com/watch?v=pzfhehVytLA.

As identificações, atualizações taxonômicas e registros de localização das espécies foram feitas com base em bibliografias especializadas, comparação entre imagens de exsicatas de diferentes herbários virtuais, e por meio de consultas a especialistas nas respectivas famílias. O portal Reflora, mantido pelo Governo Federal, também foi consultado.

Segundo Grazielle, a família das Eriocaulaceae, popularmente conhecidas como “Sempre-vivas”, possui 591 espécies registradas atualmente, das quais 92 encontram-se no acervo da EPAMIG. No trabalho, ela apresentou um recorte do gênero Paepalanthus, e atualizou os registros de algumas espécies, que se encontram nas categorias “Em perigo de extinção” (Paepalanthus hydra e Paepalanthus globulifer) e “Vulneráveis” (Paepalanthus aureus e Paepalanthus pulvinatus).

Já a família das Velloziaceae, chamadas de “Canelas-de-ema”, possui 229 espécies registradas, com 38 delas presentes no Herbário PAMG EPAMIG. Atualmente, quatro encontram-se ameaçadas de extinção e integram a categoria “Em perigo”: Vellozia glabra, Vellozia lilacina, Vellozia metzgerae e Vellozia piresiana. “É uma família bastante característica dos campos rupestres, principalmente na região da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, que é muito explorada pela mineração. Algumas pesquisas revelam que, até 2070, a composição original dos campos rupestres pode ser perdida em 82%, extinguindo plantas que só existem ali”, comenta Grazielle Resende.

Exemplar de Comanthera elegans, coletado em 1973, na Vila de Biribiri, em Diamantina (MG). Foto: Pedro Veras/Epamig

Plantas de importância ecológica e econômica

Outros fatores que podem levar essas espécies à extinção são a especulação imobiliária, atividades agropecuárias sem fiscalização e o turismo desenfreado. Os registros atualizados no Herbário PAMG EPAMIG poderão ser acessados por órgãos responsáveis pela elaboração e execução de políticas de proteção ambiental, como a Secretaria Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais, o Ministério do Meio Ambiente e o IBAMA.

Exemplar de Leiothrix rupestris, coletado em 1980, em Diamantina (MG). Foto: Pedro Veras/Epamig

“Esses trabalhos contribuíram muito para o Herbário PAMG EPAMIG, pois permitiram a atualização de dados sobre espécies de plantas endêmicas no Brasil, que agora estão com imagens e etiquetas de identificação devidamente digitalizadas e acessíveis. É uma documentação para a flora mineira”, conta a pesquisadora da EPAMIG, e curadora do Herbário PAMG, Andréia Fonseca.

Segundo a pesquisadora, que é co-autora dos trabalhos, algumas dessas espécies são fundamentais não apenas para a biodiversidade da flora brasileira, mas também para atividades econômicas. “As Eriocaulaceae possuem um papel extremamente importante socioeconomicamente, pois são utilizadas para a confecção de artesanato, que é uma das principais fontes de renda da população da região. Então, a extinção dessas plantas pode ocasionar um aumento na vulnerabilidade dessas comunidades”, conclui Andréia.

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