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A fake news sobre “café com sangue de boi” e o que de fato sabemos sobre os cafés de Minas Gerais

A fake news sobre “café com sangue de boi” e o que de fato sabemos sobre os cafés de Minas Gerais

(Belo Horizonte – 6/2/2020) No início da semana começou a circular em alguns grupos de WhatsApp áudios com a afirmação que  fábricas de café estão misturando sangue de boi ao produto moído. Em um dos áudios, é possível ouvir um homem que se diz motorista e que afirma que o sangue bovino chega “talhado” aos caminhões. Por meio de um processo que aquece o sangue, ele se tornaria líquido e seria torrado para ser misturado ao café em pó.

A suposta notícia repercutiu nas redes sociais e gerou desconfiança por parte dos apreciadores de café, segunda bebida mais consumida entre os brasileiros, atrás apenas da água. A informação, contudo, não procede. Não há nenhuma prova de que o café em pó brasileiro é feito com a adição de sangue de boi torrado. Inclusive, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe o uso de todo e qualquer produto de origem animal na fabricação do café em pó.

Na última terça-feira (4), a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC) veio a público informar por meio de nota que as informações são infundadas. Veja a nota da ABIC na íntegra:

Recebemos, por meio das redes sociais, um áudio de um suposto carregador de café afirmando que o café moído e embalado a vácuo teria adição de sangue de boi para dar peso e volume.

Tais informações SÃO FALSAS. Reforçamos a necessidade dos industriais, profissionais do agronegócio e dos consumidores de não compartilhar informações que possuam origem duvidosa ou que não sejam fidedignas, tendo em vista a crescente distribuição deliberada de desinformação e boatos, as fake news (notícias falsas).

Com o advento da internet, a pulverização de informações falsas produz percepções equivocadas sobre a realidade e, em tempos de redes sociais, boatos são divulgados como se fossem fatos, sendo desmistificados posteriormente em sites de monitoramento de fake news, como no caso “Café com sangue de boi

Destacamos mais uma vez que o áudio em questão trata-se de FAKE NEWS e salientamos que os cafés certificados pela ABIC são analisados e monitorados periodicamente com a garantia da pureza e qualidade do produto.

Atenciosamente, ABIC.

Boatos como esse nos dão a certeza que devemos sempre desconfiar de áudios que recebemos em redes sociais, sobretudo os que contêm afirmações sensacionalistas. A falta de provas para uma denúncia tão grave, aliada à falta de informações concretas sobre o autor do áudio, são os primeiros indícios capazes de colocar a afirmação em xeque.

Além disso, o autor do áudio afirma que o sangue chega aos caminhões talhado (coagulado) e que um aquecimento liquefaz o sangue para o transporte até as fábricas. Contudo, sangue coagulado não vira líquido novamente quando aquecido.

O que de fato sabemos sobre os cafés de Minas Gerais

O Brasil é o país que mais produz e exporta café do mundo. Como principal estado produtor, Minas Gerais tem muita história para contar, desde o aumento significativo da produtividade nas últimas décadas, o avanço no uso de tecnologias, até a conquista de mercados internacionais com a produção de cafés certificados. Só no ano passado o café mineiro foi exportado para 87 países, o que gerou divisas no valor de R$ 3,23 bilhões. 

De acordo com o Mapeamento do Parque Cafeeiro, realizado pelo Governo de Minas, a cafeicultura está presente em 463 municípios com lavouras consideradas comerciais (55% do estado). Aliado às condições favoráveis de clima e solo e à ligação histórica e cultural que o mineiro tem com o ‘cafezinho’ está um trabalho consistente desenvolvido pelo Governo do estado, por meio da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e suas vinculadas (EPAMIG, Emater-MGInstituto Mineiro de Agropecuária – IMA).

O avanço das pesquisas e a adoção das tecnologias geradas são fundamentais neste processo. Desde a década de 1970, a Empresa de Pesquisa Agropecuária (EPAMIG) desenvolve pesquisas que abrangem todo o ciclo produtivo da planta, desde o preparo do solo e a indicação de cultivares selecionadas até os cuidados pós-colheita, influenciando na produtividade, qualidade e agregação de valor ao produto final. O programa de melhoramento genético conduzido pela EPAMIG, pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Café) e universidades federais de Lavras e Viçosa registrou 17 cultivares de café adaptadas às condições de clima e solo do estado e novos materiais estão em desenvolvimento. 

O Banco de Germoplasma de Café da EPAMIG, localizado em Patrocínio (Alto Paranaíba), é um dos maiores do Brasil, com mais de 1,5 mil materiais catalogados. O acervo garante a continuidade do programa de melhoramento genético do cafeeiro e a evolução da cafeicultura nacional, além de permitir a pesquisa e o desenvolvimento de plantas resistentes a pragas e doenças, mais produtivas e compatíveis às condições de clima e solo da região. 

Os ganhos que projetam a cafeicultura mineira nos cenários nacional e mundial não se resumem ao aumento da produção. Segundo o assessor especial de Cafeicultura da Secretaria de Agricultura, Niwton Moraes, o café vive, atualmente, o que se chama de ‘Quarta Onda’, no que diz respeito à qualidade e à forma de consumo do produto. 

“Na primeira Onda, o foco estava voltado para o volume da produção. Na segunda, além do volume, começa a preocupação com a qualidade. A terceira fase foi marcada pelas diferentes formas de consumo, com a introdução das minidoses, como as capsulas e sachês; o direct trade que é o comércio direto entre o produtor e o varejista; o consumo fora do lar (em cafeterias), a preocupação com a responsabilidade no processo produtivo, além de uma contínua preocupação com a melhoria da qualidade. Atualmente, nesta ‘Quarta Onda’, o consumo do café passa a ser visto como uma experiência sensorial. Outro ponto importante é a agregação de valores cultural e socioambientais ao produto, com o consumidor demonstrando interesse em saber a história de quem produziu, onde e como foi produzido o café consumido”, explica o assessor técnico da Seapa.

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Com informações do portal E-Farsa e da Assessoria de Comunicação da Seapa.

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