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EPAMIG testa leguminosa como alternativa para alimentação de rebanhos em períodos secos

EPAMIG testa leguminosa como alternativa para alimentação de rebanhos em períodos secos

Estudo com cratília, de alto valor nutritivo, pode ser uma oportunidade para melhorar a produção animal em Minas Gerais

(Belo Horizonte – 15/4/2020) Um desafio de pecuaristas de todo o Brasil consiste em como alimentar rebanhos bovinos durante o período de seca. As pastagens do país, formadas majoritariamente por gramíneas, são comprometidas em épocas de estiagem. O que se percebe nesses períodos é a diminuição da qualidade das pastagens em função da baixa digestibilidade por parte dos animais e da queda do valor nutritivo das gramíneas.


A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) estuda uma alternativa para amenizar esse problema. A empresa avalia estratégias de introdução de uma leguminosa denominada cratília (Cratylia argentea) em associação à pastagem de braquiária sob sequeiro. O principal objetivo da pesquisa é encontrar alternativas forrageiras capazes de integrar o sistema de alimentação de rebanhos bovinos na seca.

A cratília, popularmente conhecida como camaratuba, tem mostrado boa adaptação em solos ácidos, alta tolerância à seca e grandes produções de forragem durante todo ano. Além disso, a cratília possui elevada capacidade de fixação de nitrogênio no solo, o que ajuda na recuperação de pastagens degradadas.

Muda de cratília. Foto: Divulgação EPAMIG

Segundo a pesquisadora da EPAMIG, Karina Toledo, a composição química da leguminosa como forragem é melhor que a de muitas gramíneas em períodos de seca. Além disso, a cratília se destaca por ser uma fonte alternativa de proteína, o que contribui para reduzir os custos com concentrado, o item mais oneroso na produção animal.

“O valor nutritivo da cratília está entre os mais altos relatados para leguminosas arbustivas adaptadas a solos ácidos. A proteína bruta varia entre 18% e 30% da matéria seca. Já a digestibilidade in vitro da matéria seca pode chegar a 60 e 65%. Em contraste com muitas outras leguminosas arbustivas tropicais, a cratília contém apenas vestígios de taninos, o que faz com que ela seja indicada tanto para pastagem em consórcio com gramíneas quanto para banco de forragem durante a estação seca”, destaca Elaine Teixeira, professora universitária que integra a equipe da pesquisa como parte de suas atividades de doutorado.

A pesquisa com cratília é mais uma estratégia de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) para inovação da agropecuária do Cerrado mineiro. O trabalho, realizado no Campo Experimental da EPAMIG de Prudente de Morais, ainda está em fase inicial. A implantação de mudas de cratília ocorreu no final de janeiro deste ano, com e sem adubação. As mudas foram plantadas em linha com espaçamento de dois metros entre plantas e intercaladas com uma área de pastagem de braquiária de 25 metros.

A implantação do experimento ainda é recente, contudo, as mudas estão com um desenvolvimento bastante vigoroso até o momento. De acordo com a pesquisadora da EPAMIG, Maria Celuta, após um ano do estabelecimento da cratília, serão introduzidos bovinos para avaliar o comportamento de pastejo da leguminosa.

Os trabalhos são realizados em parceria com os pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo, Miguel Marques Neto e Walter José Matrangolo, e com a professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ângela Maria Lana. A EPAMIG é uma empresa vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa).

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