Planta que possui ações expectorantes e broncodilatadoras está entre as espécies medicinais de interesse do SUS e do programa Componente Verde, da Rede Farmácias de Minas
(Viçosa – 16/9/2021) Você já ouviu falar de guaco? A planta medicinal, conhecida em algumas regiões do país como erva de serpente ou cipó-catinga, é muito utilizada no tratamento de problemas respiratórios devido aos efeitos broncodilatadores e expectorantes.
Em 2009, o Ministério da Saúde publicou uma lista com 71 espécies medicinais de interesse do SUS. Em 2010, o governo de Minas selecionou 16 espécies para inserir no programa Componente Verde, da Rede Farmácias de Minas. A estratégia visa facilitar o acesso dos usuários do SUS à plantas medicinais in natura, plantas secas, fitoterápicos manipulados e industrializados. O guaco é uma das espécies medicinais presente em ambas as listas.
Segundo a pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Maira Fonseca, o cultivo de guaco é uma opção agrícola promissora e acessível aos agricultores familiares. Nesse sentido, a empresa desenvolveu estudos com o objetivo de selecionar genótipos de guaco mais adequados para as condições de clima e solo da Zona da Mata mineira.
“As pesquisas realizadas na EPAMIG contribuem para o desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias adequadas à produção de plantas medicinais em Minas, desde o cultivo até a pós-colheita. Com relação ao guaco, neste estudo foram selecionados genótipos que se adaptam melhor às condições edafoclimáticas da Zona da Mata mineira. Foram levados em consideração aspectos como produtividade, qualidade fitoquímica e teor de cumarina, princípio ativo responsável pelas ações expectorantes e broncodilatadoras do guaco”, explica Maira.
As pesquisas foram conduzidas no Campo Experimental do Vale do Piranga, no município de Oratórios (MG), com três genótipos (acessos) provenientes das seguintes instituições: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen); Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas da Unicamp (CPQBA); e Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp).
Ainda segundo Maira Fonseca, foram realizadas duas colheitas por ano, durante três anos. “Após cada colheita, as folhas de guaco foram separadas dos ramos, acondicionadas em sacos de papel kraft e submetidas à secagem em estufa com circulação forçada de ar a 50 °C até chegar ao peso constante para realizar a análise do teor de cumarina”, destaca.
Os resultados da pesquisa são animadores. Os três genótipos analisados se adaptaram bem às condições de solo e clima da Zona da Mata mineira e produziram teor de cumarina dentro dos padrões recomendados pelo Ministério da Saúde. Entretanto, os genótipos Cenargen e CPQBA se destacaram quanto à produção de biomassa total no verão.
Os interessados adquirir os genótipos de guaco deverão entrar em contato com a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia; com o Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas da Unicamp; ou com a Universidade de Ribeirão Preto. Mais informações sobre a pesquisa com guaco direcionada às condições da Zona da Mata mineira poderão ser obtidas pelo telefone (31) 3891-2646.
A pesquisa foi realizada por parte da equipe de pesquisadores do Programa Flores, Hortaliças e Plantas Medicinais da EPAMIG em parceria com a EMBRAPA, CPQBA e Unaerp.
Para maiores informações, clique aqui e leia a Circular Técnica com dados mais detalhados sobre o estudo.
Livro gratuito sobre plantas medicinais
Parte dos resultados das pesquisas realizadas com espécies medicinais de interesse ao SUS estão disponíveis no livro “Produção sustentável de plantas medicinais”, disponibilizado para download gratuito no site da EPAMIG.
O livro apresenta tecnologias adequadas para cultivo, colheita e pós-colheita de 14 espécies medicinais, além de boas práticas agrícolas na produção de plantas medicinais. Para baixar, clique aqui.
Audiência pública discute Farmácia Viva em Viçosa (MG)
Aconteceu na tarde de segunda-feira (13), no Plenário da Câmara, uma audiência pública que discutiu a implantação da Farmácia Viva em Viçosa, município localizado na Zona da Mata mineira. A pesquisadora da EPAMIG, Maira Fonseca, representou a empresa e contextualizou o público sobre os trabalhos desenvolvidos a partir da demanda da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais com a criação do Programa Componente Verde da Rede Farmácias de Minas em 2010.
Durante o encontro, foi apresentada a proposta de Projeto de Lei que institui o Programa Municipal de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. A proposta também prevê a criação da Farmácia Viva no município de Viçosa e ainda dispõe sobre o processo de reconhecimento dos ofícios tradicionais de saúde popular em suas distintas modalidades.
“A união do saber popular com a validação científica contribui para o uso seguro de plantas medicinais, e isto tem sido feito. Além disso, oferece respaldo para que os médicos possam receitar plantas medicinais e fitoterápicos no SUS”, enfatizou Maira
O encontro propôs alguns encaminhamentos, como a entrega da proposta do projeto de lei ao Executivo e a construção de um grupo de trabalho para estreitar as discussões entre a Câmara, Prefeitura e Universidade Federal de Viçosa (UFV). A EPAMIG é uma empresa vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa).