(Viçosa – 6/10/2021) – A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) participa de projetos socioambientais para promover e resgatar o cultivo e o consumo de Plantas Alimentícias não Convencionais (PANC) na alimentação dos mineiros. As ações envolvem estudantes e agricultores familiares e têm como objetivo a educação transversal incluindo práticas orgânicas e agroecológicas e alimentação saudável.
“A diversificação alimentar é fundamental para suprir as necessidades de nutrientes essenciais ao ser humano. Para se ter ideia, temos 10 mil plantas comestíveis registradas e menos de 170 são cultivadas. Estas atendem a 80% de todas as nossas necessidades alimentares, e apenas quatro delas formam a base energética alimentar mundial: arroz, trigo, milho e batata”, informa a pesquisadora da EPAMIG Maria Regina Miranda, que acrescenta: “Entre as hortaliças, as mais utilizadas são alface e tomate, dentre outras encontradas usualmente no mercado. Essa situação acarreta a fome oculta, que é a falta de acesso a nutrientes essenciais para o organismo humano.”
Dentre as ações apoiadas pela EPAMIG está a campanha “Agir Socioambiental”, que envolveu alunos e professores da Rede Pública da Região Metropolitana de Belo Horizonte, e é gerida pelo Movimento Ecos da Faculdade Dom Helder e a Escola de Engenharia de Minas Gerais – EMGE. O movimento Ecos foi criado em 2011, o objetivo do projeto é fomentar ações socioambientais que possam ser desenvolvidas pelos professores, alunos e familiares nas suas próprias residências ou nas comunidades onde estão inseridos.
“Na Campanha Agir Ambiental foram programadas seis lives de junho a novembro de 2021, sendo que a EPAMIG contribuiu com a apresentação de minicursos”, conta Regina Miranda. O professor Elmo Júlio, nucleador do Movimento Ecos, defende que “os minicursos podem incrementar e viabilizar práticas de ensino relacionadas a temas transversais direcionados a discentes e docentes, contribuindo para a educação plena”.
As ações da EPAMIG abrangem também agricultores familiares e consumidores, a partir da divulgação das hortaliças PANC em feiras livres, principalmente na Zona da Mata, no Campo das Vertentes, em Sete Lagoas, da publicação de materiais sobre cultivo e preparo e da realização de eventos de difusão, atividades que foram mantidas de forma remota, durante a pandemia. “A realização desses eventos é também uma forma de contribuir com a divulgação e valorização dos conhecimentos gerados. Essa ação é significativa, pois promove a alimentação saudável, em especial na situação atual”, destaca a pesquisadora.
Resgate nutricional e cultural
O consumo e o uso hortaliças PANC na culinária tem se expandido, graças às tecnologias geradas e difundidas pela ação de instituições de pesquisa como a EPAMIG, aos estudos acadêmicos das universidades parceiras e ao interesse de restaurantes e agroindústrias. Essas plantas também agregam valor e renda ao trabalho de agricultores familiares, uma vez que são cultivadas em sistemas orgânicos e agroecológicos.
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“A retomada dessas hortaliças nos sistemas de produção agrícola representa, não somente uma forma de obtenção de uma alimentação saudável, mas agregação de valores culturais e serviços ambientais, nos quais conservação da nossa biodiversidade é imprescindível. Ainda, e igualmente, importantes são as alternativas de renda para a agricultura familiar”, enfatiza a pesquisadora Maria Regina Miranda.
Além de serem ricas em nutrientes, minerais, vitaminas e até mesmo proteínas, as plantas alimentícias não convencionais são um patrimônio cultural e gastronômico de Minas Gerais. “Trazer essa questão, em especial para os jovens é uma forma de preservar o conhecimento e evitar a extinção das espécies tradicionais. Então nosso alvo principal têm sido os estudantes, do meio urbano e rural, nas escolas famílias agrícolas, para uma mudança de hábitos e de nosso sistema agroalimentar como um todo”, finaliza Regina Miranda.
Os minicursos podem ser acessados na Plataforma do Movimento Ecos.
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