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EPAMIG indica estratégia para produtores terem pasto durante a seca

EPAMIG indica estratégia para produtores terem pasto durante a seca

Foto: Erasmo Pereira/Epamig

(Prudente de Morais – 24/2/2023) Fornecer forragem ao rebanho na época da seca é um desafio constante para produtores rurais, pois o pasto tem seu crescimento, desenvolvimento e valor nutritivo afetados pelas condições climáticas desfavoráveis. Uma estratégia eficiente para contornar tal escassez é o diferimento de pastagem, também conhecido como “vedação de pastagem”, técnica que consiste em retirar os animais de uma determinada área de pastejo durante um período de tempo, para que a forragem produzida nessa área seja preservada e, futuramente, utilizada durante a seca.

Segundo a pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), e especialista em forragicultura e pastagens, Fernanda de Kássia Gomes, a prática não é novidade, porém muitas vezes é feita sem os devidos cuidados, o que acaba gerando um pasto diferido com valor nutritivo muito abaixo de seu verdadeiro potencial. “Apesar de ser uma técnica antiga, muitos produtores ainda têm o costume de deixar pasto em excesso, formando uma macega, pois na maioria das vezes eles prezam somente pela quantidade de massa produzida. Observamos que, na realidade, essa forragem produzida é pouco nutritiva e desfavorável para o consumo dos animais. Então, nossa intenção é orientar o produtor a fazer um manejo correto para que ele tenha resultados melhores e um pasto diferido na época da seca, capaz de gerar boa produtividade animal”, argumenta a pesquisadora da EPAMIG Centro-Oeste.

Foto: Erasmo Pereira/Epamig

São três os fatores principais que precisam ser levados em consideração para um diferimento de pastagem bem sucedido: a escolha da espécie forrageira; o período de início de vedação do pasto; o rebaixamento da área a ser diferida, antes da vedação.

Escolher o capim apropriado é fundamental para um bom diferimento de pastagem, devendo-se priorizar espécies que apresentem bom crescimento durante a transição entre as épocas de chuva e de seca, e que tenham porte baixo, com talos mais finos. Além disso, é preciso levar em consideração a floração do capim, pois, se ela ocorrer durante a vedação, haverá um alongamento acentuado do colmo e, com isso, diminuição do valor nutritivo. Destacam-se as seguintes opções de capim: braquiarinha, braquiarão, piatã, paiaguás, braúna, sabiá e mavuno.

Outro fator que precisa ser cuidadosamente planejado é o período de início da vedação, ou seja, a época em que a pastagem ficará sem animais, acumulando forragem para uso durante a seca. Se a área for vedada por muito tempo, o valor nutritivo e a morfologia do pasto pioram consideravelmente. Por outro lado, se a duração do diferimento for curta, a forragem acumulada será insuficiente para alimentar o rebanho durante a seca. Sugere-se que o procedimento seja iniciado cerca de 30 a 40 dias antes do fim da época de chuvas, ou 30 a 40 dias antes do início do período de frio (temperaturas abaixo de 17ºC) na região.

Foto: Erasmo Pereira/Epamig

O rebaixamento do pasto é mais um fator essencial para que o diferimento alcance seu máximo potencial. Ele é feito por meio do aumento de tempo de pastejo dos bovinos ou pela maior lotação da área, com a inserção de mais animais, para que a forragem antiga seja removida. Isso faz com que a base do capim recebe mais luz solar, estimulando a formação de novos perfilhos, que são as unidades básicas de crescimento das gramíneas. “É uma etapa que precisa ser controlada com muita atenção, pois se a área for rebaixada demais, as reservas das plantas serão consumidas em excesso e isso diminuirá a longevidade do pasto, podendo causar a degradação da pastagem no futuro”, aponta Fernanda Gomes.

Foto: Erasmo Pereira/Epamig

Acompanhamento técnico é essencial

Segundo a pesquisadora, há ainda outros fatores que podem auxiliar no manejo do diferimento de pastagem, como adubação e suplementação, e os produtores devem procurar o auxílio de técnicos ou extensionistas quando optarem pela técnica de diferimento. “É um cálculo complexo, que vai além de variantes como ‘quantidade de piquetes’ e ‘número de animais’. Ele deve ser feito durante o planejamento forrageiro da propriedade. O produtor precisa saber, por exemplo, quanto ele produz de forragem, qual a demanda de forragem pelos animais, qual o desempenho animal esperado, o índice de chuvas para a época, quais as alternativas de alimento ele terá para oferecer, dentre outras informações. Por isso, recomendamos que ele tenha o acompanhamento técnico de um profissional durante o processo, para que o diferimento seja realizado de maneira correta”, conclui.

A EPAMIG é uma empresa vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais.

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