(Belo Horizonte, 11/9/2019) A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG – realiza estudos para reduzir a aplicação de defensivos químicos no cultivo de roseiras. Os trabalhos conduzidos no Campo Experimental Risoleta Neves, em São João del-Rei, testam o uso de plantas com flores para atrair insetos benéficos. “Já verificamos que o manjericão e o cravo ajudam a reduzir as populações das pragas como pulgão e ácaro. Essas plantas também atraem insetos como as joaninhas, os crisopídeos, os parasitoides, dentre outros, que comem as pragas presentes na área de cultivo”, explica a pesquisadora Lívia Carvalho.
As rosas são bastante suscetíveis ao ataque de pragas, como pulgões, ácaros e moscas brancas, que podem causar danos às flores. Como o aspecto visual é bastante valorizado na comercialização, muitos agricultores tendem a realizar pulverizações com inseticidas na tentativa de conter as infestações. Entretanto, assim como ocorre na produção de alimentos, o uso excessivo de produtos químicos pode causar efeitos negativos ao ambiente, aos trabalhadores e aos consumidores.
As técnicas de produção integrada buscam a diminuição do uso de agrotóxicos no cultivo da roseira, além de contribuir para a melhoria na qualidade das flores produzidas. “O uso do controle biológico é uma tendência crescente no mercado nacional e internacional com foco na qualidade dos produtos e no respeito ao ambiente e a saúde dos trabalhadores”, completa a pesquisadora Lívia.
Um experimento realizado em propriedade na Zona Rural de São João del-Rei, no ano de 2016, apontou vantagens do uso do manjericão na atração de insetos benéficos e redução das pragas, inclusive, na comparação com o controle químico. Enquanto o manjericão atraiu uma diversidade de inimigos naturais, a área de cultivo convencional, apesar de sucessivas pulverizações de produtos químicos, registrou a ocorrência de várias pragas, que se alimentam de materiais vegetais.
Atualmente, os produtores Antônio e Maura Taroco estão utilizando o manjericão para o controle biológico no cultivo de flores comestíveis. “Notamos, no trabalho com as rosas, que o manjericão repele bastante as pragas e nas flores comestíveis não podemos usar nenhum tipo de defensivo”, afirma Antônio, acrescentado que existe um mercado diferenciado para a comercialização de flores comestíveis em sistema agroecológico. “Essas flores, assim com as hortaliças orgânicas, têm um ganho no valor”.
Os projetos de pesquisas realizados no período de 2015 a 2019 tiveram apoio financeiro da Fundação de Amparo Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A EPAMIG é uma instituição vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.