Novos materiais são mais resistentes e tolerantes à brusone, uma das doenças que mais atacam as plantações de trigo
(Belo Horizonte – 30/7/2020) Minas Gerais possui condições favoráveis para o plantio de trigo. Porém, a atividade ainda precisa crescer para suprir o próprio consumo interno do estado. Há duas décadas, Minas produzia cerca de 20 mil toneladas de trigo por ano, o que correspondia a apenas 2% da demanda. Com o tempo, o plantio de trigo no estado cresceu. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área plantada na safra 2019 foi de 88,3 mil hectares, número 5% maior que na safra de 2018, com um total de 208,3 mil toneladas de trigo produzidas.
Minas Gerais ocupa hoje o terceiro lugar na produção de trigo no país, atrás do Paraná e do Rio Grande do Sul. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção no estado foi registrada em pelo menos 77 municípios. Mesmo com os números crescentes, o estado ainda precisa importar trigo para abastecer o mercado interno, uma vez que a demanda dos mineiros é de quase um milhão de toneladas por ano.
Mas, o que explica os recentes saltos na quantidade de trigo produzidas anualmente no estado de Minas? As respostas estão nas pesquisas de manejo e melhoramento genético iniciadas em 2009 na região do alto Paranaíba, no município de Patos de Minas, conduzidos pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), em parceria com a Embrapa.
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Há mais de dez anos essas empresas tem atuado no incentivo ao plantio de trigo na entressafra e na rotação de culturas em Minas Gerais. Além disso, um projeto da EPAMIG quer diversificar as cultivares de trigos plantadas na região Sul do estado. O objetivo das pesquisas é apresentar aos agricultores opções de trigo mais produtivos, com mais sanidade e com qualidade de farinha igual ou superior as plantadas na região.
Novas cultivares de trigo para o Sul de Minas
De acordo com os pesquisadores da EPAMIG, Aurinelza Condé e Fábio Aurélio, os agricultores do Sul de Minas cultivam trigo há cerca de uma década, sempre com orientações técnicas dos profissionais da empresa de pesquisa mineira. No entanto, os pesquisadores contam que os moinhos do estado são responsáveis por escolher quais cultivares compõem as mesclas de farinha. Como resultado, os agricultores da região se viram obrigados a plantar apenas duas cultivares de trigo ao longo dos anos.
“Diante desse cenário, a EPAMIG Sul, em parceria com o Moinho J Macedo, começou a desenvolver um projeto de adaptabilidade e estabilidade de cultivares comerciais de trigo indicados para diferentes municípios do Sul de Minas e Campo das Vertentes”, afirma Aurinelza.
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O projeto avalia a viabilidade de plantio de onze novas cultivares nos municípios de Lavras, Nazareno, Carrancas, Lambari, Cambuquira e Boa Esperança. O plantio, que começou a ser feito em março e foi até o final de abril, seguiu todas as medidas previstas nas normas de prevenção adotadas pelo Comitê Extraordinário do governo de Minas em combate à Covid-19.
A colheita das cultivares mais precoces começou na última semana. A previsão é que a colheita das demais cultivares ocorra até o fim do mês de agosto. Segundo Aurinelza Condé e Fábio Aurélio, a maioria das cultivares testadas tem apresentado boas características agronômicas e sanidade de lavoura.
Além disso, as novas cultivares testadas são mais resistentes e tolerantes à brusone, uma das doenças mais danosas às plantações de trigo. A expectativa é que a farinha produzida a partir desse material seja de excelente qualidade.
“Esperamos que até o final dos trabalhos a gente possa indicar aos produtores opções de cultivares de trigo mais produtivas, com diferentes ciclos de plantio, mais tolerantes as principais doenças da cultura e com boa aceitabilidade pelos moinhos.
Os resultados acerca dos experimentos são esperados para o início do mês de setembro. A EPAMIG é uma empresa vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.