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Caracterização traz novas perspectivas para produtores de queijo Cabacinha do Vale do Jequitinhonha

Caracterização traz novas perspectivas para produtores de queijo Cabacinha do Vale do Jequitinhonha

Resultados de projeto conduzido por EPAMIG e Emater-MG podem embasar a regulamentação do produto

(Belo Horizonte – 6/2/2025) Os produtores de queijo artesanal Cabacinha do Vale do Jequitinhonha apostam em parcerias com instituições públicas para regulamentar a produção e a comercialização. Fabricado a partir do leite cru, o queijo, produzido há mais de 70 anos, tem esse nome em função do formato e é um dos destaques da cultura e da culinária da região.

Para embasar o processo de regulamentação, as empresas de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) e de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), as universidades federais de Minas Gerais (UFMG) e de São João del-Rei (UFSJ) e Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), iniciaram em 2021 estudos para a caracterização do produto.

O objetivo do projeto foi avaliar parâmetros físico-químicos, microbiológicos e sensoriais para dar base científica à construção de um regulamento técnico de identidade e qualidade. A equipe realizou visitas de acompanhamento, coletas e análises de amostras em diferentes fases do processo produtivo.

“Houve um grande desafio logístico quanto à coleta e transporte de amostras, que envolveu ao menos seis laboratórios em São João del Rei (EPAMIG), Belo Horizonte (UFMG), Sete Lagoas (UFSJ) e Salinas (IFNMG)”, informa o pesquisador da EPAMIG e coordenador dos trabalhos, Daniel Arantes Pereira.

Os resultados foram entregues aos 30 produtores participantes em um evento realizado em Pedra Azul em outubro de 2024. “A pesquisa foi realizada como muito zelo e esse momento de entrega foi de muito aprendizado, com orientações sobre boas práticas de ordenha e produção. O resultado foi bastante satisfatório”, avalia o presidente da Associação dos Produtores do Queijo Cabacinha do Vale do Jequitinhonha, José Valério Filho.

“Tivemos uma intensa cooperação entre a equipe técnica e os produtores. Extensionistas da Emater-MG foram treinados para coletar as amostras, que foram transportadas para os laboratórios, em parceria com as prefeituras de Pedra Azul, Cachoeira do Pajeú, Itaobim, Jequitinhonha e Medina”, completa Daniel Arantes.

Regulamentação e novos mercados

A caracterização vai fornecer subsídios para que o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) possa construir com segurança um regulamento técnico que resguarde a identidade e a qualidade do queijo Cabacinha.

“Para além da regulamentação, o relatório traz informações que podem nortear políticas públicas, direcionar a assistência técnica, treinamentos e ações de difusão de tecnologias. Contribuindo para o fortalecimento da cadeia produtiva e para a consolidação do potencial de agregação de valor desse queijo”, aposta Daniel Arantes.

Produtor de queijo cabacinha em Joaíma, José Alves, conta que utiliza o leite da própria fazenda. “A alimentação das vacas é complementada com palma forrageira que adquiri na EPAMIG em Nova Porteirinha. Meu queijo já ganhou medalhas em concursos fora de Minas. Para o futuro quero poder vender para outras localidades e aumentar a freguesia”, almeja.

“O queijo cabacinha, ao longo da história nunca teve essa valorização que está tendo agora. A regulamentação vai ajudar bem, poderemos levar o queijo para os nossos clientes em outras regiões com menos burocracia e mais segurança”, projeta Renato Rocha, que trocou a profissão de caminhoneiro pela queijaria, que administra junto à esposa Adriana e aos filhos, em Pedra Azul.

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