Extraído por pesquisadores da EPAMIG por meio de um sistema de centrifugação, o produto tem alta qualidade nutricional e pode substituir o azeite de oliva
(Belo Horizonte – 8/1/2020) A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) é pioneira na extração de azeite de oliva extravirgem no Brasil. Mas o que fazer com o maquinário ao longo do ano, uma vez que a colheita das azeitonas ocorre apenas no primeiro semestre? O desafio, aceito por um grupo de pesquisadores da empresa, resultou em um azeite bem fino, semelhante ao de oliva, mas extraído do abacate.
O azeite de abacate é produzido por meio de um sistema especial de centrifugação. O produto, desenvolvido no município mineiro de Maria da Fé, pode ser usado para fins comestíveis ou para a obtenção de compostos com azeite de oliva em substituição às misturas feitas com outros óleos vegetais, a exemplo do óleo de soja.
De acordo com o pesquisador da EPAMIG, Adelson de Oliveira, o abacate é rico em ferro, cálcio, fósforo, fibras solúveis, fitoesteróis e lipídios. O consumo regular da fruta auxilia na redução dos níveis do colesterol ruim (LDL) e na elevação do colesterol bom (HDL), o que diminui o risco de doenças cardiovasculares.
Além disso, a vitamina E, antioxidante natural, somada à vitamina A torna o azeite de abacate um composto capaz de prevenir doenças oftalmológicas, como catarata e cegueira noturna.
Do ponto de vista econômico, a disponibilidade de frutos durante quase todo o ano faz do azeite de abacate um negócio vantajoso no Brasil, país com condições climáticas favoráveis e grande disponibilidade de terras para plantio.
Na visão de Adelson, produzir e comercializar o azeite de abacate é uma opção viável para agregar valor à fruta, sem contar que a inserção do novo produto no mercado brasileiro pode se converter em mais uma fonte de renda para os produtores rurais.
“Há de considerar que a extração do azeite de abacate é mais uma alternativa para a utilização dos frutos quando a comercialização in natura não for favorável”, pontua Adelson.
Para a elaboração de um azeite de qualidade é preciso considerar alguns fatores agronômicos capazes de influenciar o resultado final do produto, como a variedade, o manejo e até mesmo os modos de colheita.
As variedades de abacate mais ricas em óleo têm um tempo de safra entre os meses de julho e novembro, enquanto as variedades com menos quantidade de óleo são encontradas com mais facilidade no período de janeiro a junho.
Variedades de abacate mais promissoras
De acordo com estudos, variedades como a Hass e a Fuerte são as mais rentáveis, com capacidade extração de azeite de até 26% do fruto. Mas outras variedades muito cultivadas no Brasil, como a Wagner, Linda e Margarida, também são recomendadas. Já o azeite obtido da variedade Breda é característico por apresentar um sabor ligeiramente picante.
Para Adelson, o que importa de fato é a maturação total do fruto, fase em que o abacate concentra mais óleo. Mesmo assim, o pesquisador alerta que o abacate não pode estar muito maduro no momento da extração.
“Levando em conta os rendimentos da extração, o conteúdo total de azeite, a depender da variedade do abacate e de seu ponto de maturação, pode alcançar na polpa níveis de até 22% de azeite, com valores médios de 15% a 19%. Isso permite rendimentos na extração em aproximadamente 10% sobre o peso bruto dos frutos. Há de se destacar que por métodos mecânicos, como é o caso da centrifugação, não é possível a extração da totalidade do azeite contido na polpa”, conclui Adelson.
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Com informações da revista A Lavoura.