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Queijo artesanal da Canastra surpreende especialistas na Itália

Queijo artesanal da Canastra surpreende especialistas na Itália

Produto de São Roque de Minas recebeu alta pontuação em avaliação de degustadores europeus

Foto: Divulgação Seapa

Depois de ser premiado na França, o queijo artesanal mineiro caiu nas graças dos italianos. Um dos produtos fabricados na região da Canastra foi avaliado por especialistas do país europeu e recebeu nota 88, em escala de 0 a 100, confirmando a excelência mineira na criação da iguaria. O resultado da avaliação foi entregue no último fim de semana, em São Roque de Minas, no Centro-Oeste do estado, e contou com a presença da secretária de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Ana Valentini.

Representante do Queijo do Ivair, a produtora Lúcia Oliveira se surpreendeu com a notícia e comparou a avaliação à conquista de uma “medalha de ouro”. Ela fez parte de uma jornada que levou fabricantes da região da Canastra até a Europa para conhecerem o sistema produtivo italiano, que tem semelhanças com o processo realizado nas propriedades de Minas.

“Levei dois queijos, embalados a vácuo, e foi complicado cuidar deles devido ao tempo de viagem e à falta de um local adequado para o armazenamento. Presenteei o Pedro Albano, que foi nosso guia durante a viagem, e ele levou essa peça para o professor Daniele Bassi, da Organização Nacional de Provadores de Queijo (Onaf) e presidente da Associação Casearia Pandino”, conta Lúcia.

O professor, por sua vez, submeteu o produto à avaliação de jurados, durante um curso que ministrava no país, e, mesmo em condições adversas de conservação, o queijo canastra agradou o paladar dos italianos.

“A surpresa foi bem maior do que eu podia esperar, a pontuação foi muito alta, sobretudo naquelas condições. Fiquei emocionada porque é o resultado de um trabalho muito sofrido; fazer queijo não é fácil”, avalia Lúcia.

Recentemente a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) lançou o manual técnico “Queijo Minas Artesanal: Principais problemas de fabricação”, disponível para download gratuito aqui. O texto foi elaborado a partir de resultados de pesquisas desenvolvidas no Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT), em Juiz de Fora (MG). O objetivo do manual é auxiliar os produtores de queijos minas artesanais para que a produção resulte em mais benefícios tanto para o produtor quanto para o consumidor.

Reconhecimento

Engenheiro agrícola ítalo-brasileiro, formado pela Universidade de Milão e especialista na produção de queijos, Pedro Domenghini Albano afirma que o resultado obtido pelo Queijo do Ivair é a prova de que os produtores mineiros estão no caminho certo.

“Temos que focar naqueles aspectos de produção, rendimento e fiscalização sanitária para melhoria da qualidade. Tenho certeza que, em pouco tempo, os queijos da Canastra estarão no mesmo nível dos europeus e, quem sabe, ganharão grandes concursos como o World Cheese Awards”, afirma Albano.

Para a diretora de Agroindústria e Cooperativismo da Seapa, Renata De Paoli Santos, a viagem permitiu um intercâmbio valioso, que ampliou a visão de técnicos e produtores sobre a necessidade de valorização dos produtos com denominação de origem.

“Ficou clara a necessidade de valorização do produto tradicional, com história. Em Minas, há queijos de excelente qualidade que não perdem em nada para os produtos de fora no que diz respeito à qualidade sensorial”, contextualiza.

Expectativas

Na avaliação da secretária Ana Valentini, o reconhecimento de mais um queijo artesanal mineiro é um sopro de esperança para o setor rural. “Isso traz ainda mais valor para nossos produtos artesanais. Temos riqueza e tradição gastronômica e essa nota confirma que estamos na direção correta ao incentivar a produção e a regularização desses alimentos”, afirma.  

Presidente da Associação dos Produtores do Queijo Canastra (Aprocan), João Carlos Leite também afirma que o resultado da avaliação evidencia o potencial do setor em nível internacional. “Nossos produtores são altamente competitivos na Itália. Precisamos investir em uma legislação adequada e em melhores tecnologias para crescermos ainda mais”, conclui.

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