Por meio das pesquisas em olivicultura, e junto de empresas locais, também foi possível estabelecer técnicas que utilizam o azeite e o resíduo da extração para a fabricação de sabonetes, cremes hidratantes e difusores de ambientes
Ela pode ser encontrada na mitologia, nos jogos olímpicos e na saúde, mas quem diria que a azeitona deixaria de ser a protagonista do azeite e alcançaria outros patamares de utilização na área da beleza? Foi o que aconteceu no município mineiro de Maria da Fé, na Serra da Mantiqueira.
Pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), desenvolveram uma técnica para a produção do azeite que resultou na utilização do produto e do resíduo da extração do próprio azeite para a fabricação de sabonete. De acordo com o pesquisador em olivicultura da EPAMIG, Luiz Fernando de Oliveira , a produção de produtos cosméticos com azeite de oliva já é realizada por outros países, pois o azeite de oliva tem uma substância que traz benefícios à pele e combate os efeitos oxidativos causados pelos radicais livres.
“Foi isto que ocorreu, com a técnica de produção do azeite desenvolvida pela EPAMIG, algumas empresas desenvolveram subprodutos das oliveiras, como o sabonete, e hoje os comercializam”, explica Luiz Fernando.
O pesquisador conta, ainda, que as empresas desenvolveram duas formas de produção: uma feita com azeite e outra com o resíduo da extração. Também há a opção do sabonete esfoliante. “Este é feito com o resíduo, que contêm, além de uma quantidade de azeite de oliva, pedaços triturados do caroço, proporcionando o efeito esfoliante”, explica.
Além de hidratantes, os sabonetes também representam importante fonte de renda para a região. “Existem duas empresas que possuem lojas e comercializam o produto aqui em Maria da Fé e como efeito disto podemos citar a geração de empregos e renda, utilização de subprodutos que seriam descartados, além de ser um atrativo para turistas e novos produtos tecnológicos”, conta.
A farmacêutica e empresária Vânia Gonçalves é proprietária de uma das lojas citadas por Luiz Fernando. Vânia faz cosméticos à base de azeite de oliva e resíduos de azeitona desde a primeira extração em Maria da Fé, em 2008. Hoje, a empresária vende não apenas sabonetes, mas cremes hidratantes e difusores de ambiente, produtos feitos a partir de bagaço e caroços de azeitonas triturados.
“A tradição da olivicultura em Maria da Fé e na Serra da Mantiqueira atrai turistas do mundo todo. Além dos azeites em si, a procura é muito grande por outros produtos à base de azeite”, declara Vânia.
De acordo com Luiz Fernando, hoje são cerca de 1 milhão de plantas, 2 mil hectares plantados, cerca de 60 marcas comerciais de azeite, uma produção em 2018 de 800 mil quilos de azeitonas, das quais foram extraídos 80 mil litros de azeite. “Além disso estamos trabalhando outras possibilidades de exploração da olivicultura, como azeitonas em conserva, folhas da oliveira e artesanato com a madeira da oliveira. Toda essa cadeia movimenta a região da Serra da Mantiqueira, trazendo benefícios econômicos, sociais e culturais”, finaliza.
Para o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fapemig, Paulo Beirão, este é mais um exemplo da aplicação de conhecimento originado de pesquisa gerando novas oportunidades para o desenvolvimento econômico e social de uma região. “Novos negócios poderão ser criados a partir dessa tecnologia, e a dimensão que eles poderão tomar depende agora do setor privado. O mundo é o limite!”, pontua.
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Com informações de Tatiana Nepomuceno da Assessoria de Comunicação da Fapemig.