‘Conquista’ foi a grande contribuição da EPAMIG para o agronegócio brasileiro
Depois de perder mercado para a soja transgênica no território nacional, a soja convencional volta a ocupar mais espaço nas lavouras do Brasil. A expectativa para este ano é a área de plantio aumentar 2% e chegar a 4% seguindo, principalmente, a demanda do mercado internacional, já que a Europa não abre mão dos produtos convencionais. Atentos a esta demanda, pesquisadores da parceria Embrapa, EPAMIG e Fundação Triângulo desenvolveram uma nova cultivar que está sendo multiplicada para entrar no mercado em 2019. A soja, que ainda está em código, é precoce, ciclo de 110 dias, crescimento indeterminado e com potencial de rendimento para ultrapassar 100 sacas por hectare.
Na opinião do pesquisador Neylson Eustáquio Arantes, consultor da Fundação Triângulo, “esta será uma importante contribuição da Embrapa, EPAMIG e Fundação Triângulo para o agronegócio brasileiro”. Segundo ele, “trata-se de uma soja convencional com rendimento de grãos no mesmo patamar das melhores variedades transgênicas”. O pesquisador comenta que a parceria deu grande contribuição ao setor agrícola, especialmente pelos avanços obtidos no melhoramento genético da soja convencional. “Estes avanços serviram de base para inserção dos novos genes que resultaram nas variedades transgênicas”, salienta.
A soja ‘Conquista’, fruto de uma seleção feita pela Embrapa e Epamig no Campo Experimental Getúlio Vargas, sede da EPAMIG Oeste em Uberaba, MG, foi lançada em 1995 e continua em cultivo até hoje. São 23 anos de mercado, contrariando os dados estatísticos que mostram vida útil das variedades de soja, atualmente na faixa de 5 anos. “Em nenhum lugar do mundo uma variedade de soja atingiu área tão extensa como a ‘Conquista’ ocupou no Brasil”, afirma o pesquisador. Ela se tornou referência em genética para os pesquisadores devido a sua produtividade e resistência a doenças. De acordo com Arantes, “a contribuição desta variedade não foi apenas pelo impacto que deu para aumento da produtividade das lavouras, mas também como doadora de genes que, hoje, estão em muitas variedades de sucesso”. A ‘Conquista’ foi cultivada de Norte a Sul do país e também rompeu fronteiras com lavouras implantadas na África, América do Sul e Cuba.
Há mais de uma década a soja ‘Conquista’ vem servindo de matéria prima para produção de um suco de soja vastamente consumido no Brasil. As sementes, produzidas principalmente no Alto Paranaíba, são utilizadas por sojicultores do Sul de Minas, que abastecem a indústria localizada na mesma região. Na opinião da pesquisadora da EPAMIG, Ana Cristina Pinto Juhász, que desenvolve estudos sobre soja para alimentação humana, a indústria adotou a soja ‘Conquista’ e não pensa em troca-la nem por uma variedade desenvolvida para alimentação humana, porque além de já ter desenvolvido toda a tecnologia do produto, o seu consumidor está adaptado ao sabor do suco feito com a cultivar. “Se a indústria trocar a cultivar, o sabor será alterado e o consumidor pode rejeitar o produto”, ressalta.