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Pesquisa constata que feijão e algodão são hospedeiros do nematoide causador da Soja Louca II

Pesquisa constata que feijão e algodão são hospedeiros do nematoide causador da Soja Louca II

Doença ataca em regiões com temperatura e umidade elevadas e constantes. Não há riscos para as lavouras mineiras

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(Uberaba 5/12/2017) Os primeiros resultados sobre as pesquisas com plantas hospedeiras do nematoide Aphelenchoidesbesseyi, causador da Soja Louca II, revelam que, além da soja, outras duas culturas são hospedeiras: o algodão e o feijão, e também quatro plantas daninhas: trapoeraba, agriãozinho-do-pasto, cordão-de-frade e caruru. Além de avaliar aspectos de hospedabilidade do nematoide, os pesquisadores Maurício Meyer, da Embrapa Soja, e Luciany Favoreto, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), também buscavam respostas sobre como o nematoide sobrevive no solo de uma safra para outra e se há cultivares de soja mais sensíveis ao nematoide, entre outros dados.

Nematoide conhecido na cultura da soja

Nas lavouras de soja, o nematoide foi identificado há mais de dez anos e há registro de que pode causar reduções de até 100% na produtividade. A doença causa abortamento das vagens, enrugamento e escurecimento das folhas. A pesquisadora Luciany Favoreto explica que a Soja Louca II predomina em regiões quentes e chuvosas, uma vez que, o Aphelenchoides besseyi precisa de temperatura e umidade elevadas e constantes para causar a doença. Por essa razão, Minas Gerais está livre do problema e, por enquanto, a doença encontra-se restrita aos estados do Maranhão (MA), Tocantins (TO), Piauí (PI) e Mato Grosso (MT).

Há poucos estudos relacionados ao nematoide Aphelenchoides spp. “Esses trabalhos eram menosprezados, talvez pelo baixo impacto econômico do Aphelenchoides sobre culturas agrícolas quando comparado aos nematoides-de-galha, de cisto e o Pratylenchus”, contam os pesquisadores. “Porém, é imprescindível gerar resultados de pesquisa para o estabelecimento de estratégias de controle, no menor prazo possível, para minimizar as perdas na produção de soja e de algodão”, alertam.

Segundo Maurício Meyer, existem relatos da ocorrência do problema em lavouras de feijão na Costa Rica, por isso os testes foram conduzidos no Brasil. “Inoculamos em feijoeiro, as populações de nematoide oriundas da soja, e confirmamos os mesmos sintomas descritos na Costa Rica, contudo, não existe relato de ocorrência do problema em lavouras de feijão brasileiras”, explica Meyer.

Com relação ao algodão, no início de 2017, foram identificadas as primeiras lavouras atacadas pelo nematoide Aphelenchoidesbesseyi, nas regiões de Sapezal e de Sorriso, em Mato GrossoPara orientar os produtores sobre os sintomas e iniciar estudos sobre o manejo da doença, foi formado um grupo de trabalho composto pela Embrapa Agrossilvipastoril, EPAMIG, Grupo Scheffer, Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMA-MT), JEM Análise Agrícola e Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) de Jaboticabal.

De acordo com o pesquisador do IMA-MT Rafael Galbieri, o nematoide está presente no solo, e um dos fatores que pode ter favorecido seu ataque foi o excesso de chuvas nas regiões atingidas, em fevereiro e março deste ano. “É difícil avaliar danos ainda, porque identificamos os primeiros ataques no início deste ano na cultura do algodão”, conta o pesquisador. “Ainda não definimos as estratégias de manejo, porque é tudo muito recente”, anuncia.

Histórico da Soja Louca II

Por mais de dez anos, diversos pesquisadores brasileiros tentaram identificar a causa da Soja Louca II (SL-II). Somente em 2015, os pesquisadores da Embrapa e da EPAMIG identificaram o nematoide da haste verde da soja, Aphelenchoidesbesseyi, como agente causal da Soja Louca II. No entanto, para responder a questões sobre o comportamento do nematoide e opções de manejo, por exemplo, os pesquisadores abriram outras frentes de pesquisa. Os primeiros resultados estão sendo divulgados agora.

 Meyer diz que os sintomas da SL-II são observados no início da fase reprodutiva da soja, que apresenta afilamento das folhas do topo das plantas, enrugamento das folhas e engrossamento das suas nervuras. Além disso, Meyer explica que as folhas com sintomas apresentam coloração mais escura e menor pilosidade em relação às folhas normais. Também é observado que as hastes exibem deformações e engrossamento dos nós. As vagens podem apresentar lesões, rachaduras, apodrecimento, redução do número de grãos e menor pilosidade.

Os pesquisadores relevam ainda que as plantas afetadas registram um alto índice de abortamento de vagens, provocando, muitas vezes, a indução de uma nova floração e sintomas de super brotamento. “Esse abortamento é mais intenso na parte superior das plantas, diminuindo em direção à base, o que impede o processo natural de maturação, permanecendo a planta verde mesmo após a aplicação de herbicidas dessecantes”, relatam.

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