Você está aqui:
Vacas que recebem afago produzem mais leite e com melhor qualidade

Vacas que recebem afago produzem mais leite e com melhor qualidade

As vacas da raça Gir Leiteiro começam a ser afagadas 30 dias antes de parir. Foto: Divulgação

(Uberaba 21.09.2017) Resultados preliminares de uma pesquisa sobre o comportamento animal em vacas da raça Gir Leiteiro, desenvolvida no Campo Experimental Getúlio Vargas da EPAMIG, em Uberaba, demonstram que a utilização do afago no animal acelera a recuperação pós-parto, evita doenças e reduz intervalo entre partos. A vaca que recebe afago também produz leite com mais qualidade e em maior quantidade.

De acordo com o pesquisador da EPAMIG André Penido, essas confirmações fazem parte de um projeto abrangente, iniciado em julho do ano passado, que agrega novas informações a outras pesquisas sobre comportamento animal. “Estamos trabalhando com estudos de mestrado sobre comportamento sexual do animal e status oxidativo, além de estudos de doutorado sobre comportamento ao parto e qualidade do leite. O trabalho gera um pacote de informações importantes para a pecuária leiteira, inclusive indicando para o produtor o momento certo de fazer a inseminação artificial”, diz.

A veterinária Helena Mendes participa da pesquisa com estudos sobre os períodos pré e pós-parto para ver como o estresse metabólico influencia a fertilidade do animal após o parto e na reconcepção. Ela acredita que a vaca que recebe o afago se recupera mais rápido após o parto porque o seu índice de cortisol diminui. “Seu eixo adrenal hipotálamo fica mais equilibrado e, com isso, ela fica menos reativa e mais mansa. A hipótese é que a vaca conseguirá ter um melhor período pós-parto e tenha um retorno ao cio mais rápido”, sugere.

O estudo também quer comprovar como o estresse do animal influencia nas doenças e na infertilidade pós-parto.  Segundo a veterinária, quando a vaca está próxima ao parto sua fisiologia muda para haver enjeção do leite, formação da glândula mamaria e crescimento final do bezerro. “Este processo demanda muito oxigênio e, por isso, o animal entra num estresse metabólico, fisiológico e oxidativo gerando espécies reativas de oxigênio ou radicais livres”, explica.

Outra linha de trabalho dentro da pesquisa é conduzida em parceria com a zootecnistaAskaUjita, que atua no pré, pós-parto e no período da lactação. “O treinamento com o afago nas vacas ocorre antes delas parirem. Ele gera um comportamento mais dócil que facilita o manejo. Com as vacas mais mansas e mais calmas a produção de leite aumenta. Outra vantagem que esperamos comprovar é a menor retenção de leite nas mamas e, assim, menor índice de doenças como a mastite”, informa.

A pesquisa, realizada em parceria com o Instituto de Zootecnia e financiada pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), será concluída em dois anos. O trabalho conta ainda com a participação de bolsistas de iniciação científica, estudantes de graduação em zootecnia das Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu). Na opinião do pesquisador da EPAMIG, todos os experimentos, que envolvem três teses de mestrado e duas de doutorado, farão muita diferença para o produtor rural. “Vamos entregar um pacote tecnológico e não simplesmente desenvolver ciência. Desta forma, a EPAMIG cumpre o seu objetivo de promover a ciência que pode ser transmitida para o produtor rural, ou seja, desenvolver tecnologias para serem aplicadas”, conclui.

O Campo Experimental Getúlio Vargas trabalha há 70 anos na seleção genética de Gir. Conta com um rebanho de cerca de 600 cabeças. Suas pesquisas envolvem linhas bastante específicas na parte reprodutiva, de produção e qualidade de leite, de manejo de ordenha entre outras.

plugins premium WordPress