Belo Horizonte (09.06.2017)-No dia 12 de junho será realizado o dia de campo “Trigo: Alternativas para o Cerrado”, em Nova Ponte, no Triângulo Mineiro. Serão apresentados resultados de pesquisas deste cereal, que tem crescente produção em Minas Gerais.
Serão apresentadas as características e o manejo indicado da cultivar de trigo BRS 404 para o cultivo de sequeiro, manejo da principal doença da cultura no Cerrado, a brusone, e informações sobre qualidade e comercialização do trigo.
Os pesquisadores Maurício Coelho, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), e Vanoli Fronza, da Embrapa Trigo, irão falar sobre o manejo e controle da brusone, uma doença que ataca as espigas e que tem grande ocorrência em regiões mais quentes. “As altas temperaturas associadas à alta umidade são fatores favoráveis ao desenvolvimento da doença”, explica o pesquisador Maurício Coelho. Uma alternativa, segundo o pesquisador, é trabalhar com a seleção de materiais tolerantes à seca e fazer o plantio no final do período das chuvas, a partir da segunda quinzena de março, quando as temperaturas já estão mais baixas, fator climático que desfavorece o fungo causador da doença.
Outra opção, caso o plantio tenha que ocorrer mais cedo, é trabalhar com cultivares que demoram mais a espigar, que são mais tardias. Segundo o pesquisador Vanoli Fronza, para o plantio no início de março, mesmo utilizando cultivares mais tardias para o espigamento, deve-se dar preferência àquelas que apresentam menor suscetibilidade à doença. Isto porque, em condições de ataque severo, como está ocorrendo na safra 2017, o controle químico da brusone pode não ser eficiente, além de exigir um grande número de aplicações, ficando inviável economicamente, complementa.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, Joaquim Sobrinho, o trigo BRS 404 é uma nova cultivar indicada para o cultivo de sequeiro nos cerrados e que apresenta alto potencial de rendimento, boa qualidade industrial para panificação e boa tolerância à seca. É importante salientar que todo o trabalho de pesquisa e desenvolvimento desta cultivar foi realizado na região dos cerrados do Brasil Central, em trabalho de parceria da Embrapa com a EPAMIG, instituições de ensino, cooperativas e também agricultores. Sementes da cultivar BRS 404 se encontram disponíveis aos produtores e podem ser adquiridas nos parceiros. Saiba mais em: www.embrapa.br/cultivares.
O Dia de Campo “Trigo: Alternativas para o Cerrado” é promovido pela Embrapa Trigo e EPAMIG, e conta com o apoio da Emater/MG, Moinho Sete Irmãos, Sindicatos de Produtores Rurais da região e Associação dos Triticultores do Estado de Minas Gerais (ATRIEMG). As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no local do evento.
Triticultura em Minas
De acordo com a Secretaria de Estado de Agricultura Pecuária e Abastecimento (Seapa) e Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Minas Gerais irá colher mais de 200 mil toneladas de trigo em uma área de cerca de 85.000 hectares. O Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Sul são as principais regiões produtoras do estado neste ano, com uma produtividade prevista em torno de 2,5 mil quilos por hectare para o trigo de sequeiro.
Neste cenário, as pesquisas ganharam espaço para atender à demanda do Estado por esse cereal beneficiar os produtores com a introdução da triticultura no sistema produtivo. De acordo com o pesquisador da EPAMIG Maurício Coelho, “a meta é produzir em Minas, o trigo que as indústrias de moagem e alimentícia consomem ao longo de todo o ano”. A perspectiva é de que as novas cultivares de trigo, mais produtivas e mais tolerantes à seca e às doenças, ocupem áreas de propriedades que normalmente ficam ociosas no inverno, possibilitando ao produtor otimizar a utilização da sua infraestrutura produtiva e obter maior lucratividade anual.
