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EPAMIG e Federação dos Cafeicultores do Cerrado preparam a divulgação dos resultados do projeto de validação de cultivares de café

EPAMIG e Federação dos Cafeicultores do Cerrado preparam a divulgação dos resultados do projeto de validação de cultivares de café

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(Belo Horizonte – 10/5/2023) A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) e a Federação dos Cafeicultores concluíram a apuração dos resultados do projeto de “Validação, transferência de tecnologias e recomendação de cultivares de café desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento da EPAMIG para a Região do Cerrado Mineiro”, para as safras de 2019 a 2022.

O projeto, que contou com o apoio financeiro do Consórcio de Pesquisa Café, da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Instituto de Nacional de Ciência e Tecnologia do Café (INCT Café), consistiu na implantação de 22 unidades demonstrativas nos principais polos cafeeiros do Cerrado Mineiro.

“Foram estudadas 12 cultivares registradas no Registro Nacional de Cultivares (RNC). Três foram utilizadas como padrões: a cultivar Catuaí Vermelho IAC 144 pela produtividade; a cultivar Bourbon Amarelo IAC J10, referência em qualidade; e a cultivar IAC 125RN pela resistência à ferrugem. As demais cultivares, desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento Genético coordenado pela EPAMIG, foram escolhidas em função de características específicas”, explica o pesquisador da EPAMIG Gladyston Carvalho.

O plantio das mudas ocorreu em outubro de 2016 e avaliação considerou as colheitas realizadas no quadriênio 2019 a 2022. “Ao longo do projeto conseguimos comprovar a premissa inicial, de que possível aumentar a produtividade e a qualidade dos cafés do Cerrado Mineiro pela escolha de uma variedade mais adequada às condições de clima, de solo e de manejo de cada microrregião”, acrescenta o pesquisador.

“O projeto comprovou que, de fato, existe uma diferença de comportamento das variedades conforme a microrregião. Não existe uma recomendação única, conforme varia a altitude, o solo, o manejo e outros fatores têm-se diferenças no comportamento da variedade. Há que se considerar também se a área é de sequeiro ou irrigada”, avalia o superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado Mineiro, Juliano Tarabal.

Resultados

Cultivar MGS Paraíso 2 – Foto Erasmo Pereira

Os resultados abrangendo as médias de produtividade, qualidade sensorial da bebida e rendimento de café da roça para café beneficiado no quadriênio 2019/2022, por cultivar e por microrregião serão disponibilizados em uma cartilha, que está sendo preparada pela EPAMIG e formatada pela Federação dos Cafeicultores do Cerrado.

“No período do projeto, os ganhos em produtividade, quando comparados à cultivar Catuaí Vermelho IAC 144, foram de até 15,8% na média geral. No quesito qualidade sensorial da bebida, o incremento na nota foi de até 1,1 ponto acima da nota obtida pela cultivar Bourbon Amarelo IAC J10, o que elevou o café à classificação de excelente, caso da MGS Paraíso 2 que obteve média superior a 85 pontos (conforme tabela abaixo)”, destaca Gladyston Carvalho.

O lançamento da publicação será em um evento online que terá a data divulgada em breve. “Temos também a ideia de desenvolver um software, a ser disponibilizado no ano de 2024, para facilitar a escolha das cultivares com base no perfil da propriedade e nos objetivos dos produtores”, completa Gladyston.

Parceria com os cafeicultores

Cultivar MGS Ametista – Foto Erasmo Pereira / EPAMIG

O modelo das Unidades Demonstrativas envolve o dono da propriedade em todas as fases do processo. O produtor participante se responsabiliza por todo o custo de implantação e manutenção da área, por fazer o registro de cada procedimento adotado na unidade e por preparar as amostras para as análises sensórias, além disso concorda em fazer da propriedade uma vitrine, para visitas e eventos técnicos. Como contrapartida recebe o suporte tecnológico das instituições parceiras em todo o período.

Juliano Tarabal enaltece a adesão dos cafeicultores ao projeto. “Não tivemos nenhuma dificuldade para mobilizar o grupo. Os produtores do Cerrado Mineiro gostam de inovar, de desenvolver e absorver tecnologia e apostaram na credibilidade dessa parceria entre a EPAMIG e a Federação”.

“Com este trabalho comprovamos que os investimentos em melhoramento genético do café trouxeram avanços na produtividade das lavouras e na qualidade dos grãos produzidos”, afirma Gladyston Carvalho. O pesquisador acrescenta que modelo serviu de base para um projeto estadual, em parceria com a Embrapa Café, que instalou 42 unidades demonstrativas, em 41 municípios das regiões Sul, Sudoeste, Oeste, Campo das Vertentes, Zona da Mata, Vale do Rio Doce, Vale do Jequitinhonha, Norte, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Este projeto conta com o apoio financeiro da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, por meio da Fapemig, e do Consórcio Pesquisa Café. As áreas implantadas entre o fim de 2021 e início de 2022, devem iniciar a produção na safra de 2024.

Renovação das lavouras

Cultivar MGS Aranãs – Foto Erasmo Pereira

A viveirista Elisa Müller Veronezi, responsável pelo preparo das mudas implantadas nas Unidades Demonstrativas do Cerrado Mineiro, conta que a procura pelas novas cultivares tem aumentado nos últimos anos. “Essa mudança tem se concretizado nos últimos cincos anos, variedades como a MGS Paraíso 2, a Topázio (EPAMIG) e Arara (Procafé) estão entre as mais buscadas por cafeicultores que querem renovar suas lavouras, acho que isso se deve a essa maior agregação de benefícios que está sendo comprovada no campo.

O produtor Gustavo Ribeiro, da Fazenda Congonhas em Patrocínio, informa que os resultados do projeto estão sendo incorporados no planejamento de renovação das lavouras na propriedade da família. “O maior legado que esse projeto deixa são os dados consolidados de variedades que foram testadas em vários terroirs do Cerrado Mineiro. A gente teve grandes resultados que, inclusive, estamos utilizando nos nossos projetos de renovação. Eu destaco a MGS Paraíso 2, como a grande descoberta. Na nossa fazenda ela é a segunda em produtividade e, disparada, a melhor em qualidade de bebida. É uma variedade especular, precoce e com peneira boa”, elogia.

Gustavo, que é agrônomo, acrescenta que essa percepção foi bastante ressaltada em encontros com outros cafeicultores que receberam unidades demonstrativas do projeto e menciona outras variedades que tiveram bom desempenho. “Também deixaram boa impressão a cultivar MGS Aranãs, que eu particularmente não conhecia, e a MGS EPAMIG 1194, que é muito vigorosa e produtiva, embora seja suscetível à ferrugem. Somos muito gratos pelo convite e pela iniciativa e vamos continuar, mesmo após o encerramento do projeto, acompanhando os resultados e o desempenho dessas variedades”, garante.

Cafeicultor no município de Monte Carmelo, César Jordão, recebeu na Fazenda Londrina, uma das Unidades Demonstrativas do projeto. “Usei uma área já destinada à cafeicultura com o intuito de renovação da lavoura, mantive os tratos e manejos já realizados e segui todas as orientações técnicas da EPAMIG. Em produtividade, as cultivares que mais se destacaram na Unidade Demonstrativa instalada na minha propriedade foram a MGS EPAMIG 1194, a MGS Ametista e a MGS Aranãs. Em qualidade foi a MGS Paraíso 2”.

César, que foi extensionista na área de cafeicultura, ressalta a importância de iniciativas como a desse projeto. “A experiência foi bastante positiva e muito válida pelo propósito de diferenciar as recomendações levando em consideração as características de cada microrregião”.

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