(Belo Horizonte, 27.12.2016) Pesquisadores mapearam diferentes microrregiões da Região do Cerrado Mineiro para observar como variedades de café se comportam em termos de produtividade, qualidade de bebida e resistência a doenças. O projeto Unidades Demonstrativas, realizado por meio da parceria entre EPAMIG, Fundação de Desenvolvimento do Cerrado Mineiro (Fundaccer), Centro Universitário do Cerrado Patrocínio (Unicerp) e produtores da Denominação de Origem, com o apoio do Consórcio Café, aproxima os resultados de pesquisas de melhoramento genético do cafeeiro com o cafeicultor.
De acordo com o pesquisador da EPAMIG, coordenador técnico do projeto, Gladyston Carvalho, a base do Cerrado Mineiro está na variedade Catuaí, mas experimentos feitos pela EPAMIG com outros materiais genéticos apresentaram resultados muito relevantes tanto em produtividade, quanto em qualidade e agora elas poderão ser testadas em ambientes diversos. A Empresa de Pesquisa selecionou 12 cultivares de café do Banco de Germoplasma instalado no Campo Experimental da EPAMIG em Patrocínio, com potencial de cultivo no Cerrado Mineiro, para serem observadas durante seis anos em 30 propriedades, localizadas em 17 municípios do Cerrado. As propriedades são acompanhadas de perto. Recebem a visita de uma equipe de pesquisadores duas vezes ao ano.
Segundo o pesquisador, os resultados serão apresentados anualmente durante Encontro de Inovação e Tecnologia para a Cafeicultura do Cerrado Mineiro. Ao final do projeto os produtores saberão qual cultivar é melhor paraa condição de cada microrregião, sob o aspecto de produtividade, resistência a doenças e qualidade de bebida. Os resultados serão compartilhados com todos os 4.500 produtores do Cerrado Mineiro, região que possui uma grande extensão territorial: são 55 municípios pertencentes a Denominação de Origem, onde podem ser encontradas altitudes entre 800 a 1300 metros e diferenças entre regimes de chuva e temperatura.
“O cerrado, assim como outras regiões produtoras, tem o costume de plantar as cultivares tradicionais como: Catuai, Mundo novo, Topázio e outras. Todas essas mencionadas são excelentes e muito bem adaptadas ás principais regiões produtoras do Brasil, porém é necessário avançar um pouco mais na busca de cultivares que apresentem produtividades, pelo menos semelhante às tradicionais, associadas a outras características agronômicas de interesse, tais como: resistência às pragas e doenças, qualidade diferenciada de bebida, maior adaptação a colheita mecanizada, entre outras”, informa o pesquisador.
De acordo com o Superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Juliano Tarabal, o foco principal é identificar e avaliar o comportamento das diferentes variedades em cada microrregião no que diz respeito à qualidade de bebida. “O Cerrado Mineiro tem características edafoclimáticas bem definidas, contudo sabemos que temos microrregiões que são distintas em alguns fatores, o que naturalmente proporciona diferentes tipos de bebida onde é fundamental inter-relacionarmos o terroir cultivado com a cultivar a ser plantada. No café, o melhoramento genético está ainda muito relacionado à produtividade e resistência. Queremos dar um passo além e poder levar à xícara dos consumidores a bebida das melhores variedades que obtivermos os resultados no Cerrado Mineiro”, ressalta.
Este trabalho inédito, que iniciou em abril deste ano, mostra um mapa da área em estudo. As sementes germinaram e o projeto já está na fase de plantio das mudas.Os resultados desta pesquisa vão surgindo e auxiliando os produtores na escolha das variedades a serem plantadas.
Melhores cafés de Minas
Algumas cultivares de café já demonstram potencial para o Cerrado Mineiro. Como é o caso da MGS Paraíso 2desenvolvida pela EPAMIG, premiada no Concurso de Qualidade do Café de Minas Gerais 2016, promovido pela Emater-MG, Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Universidade Federal de Lavras (Ufla), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas e a Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Faepe).
A Paraíso 2, que recebeu 1º lugar na categoria cereja descascado, foi produzida pelo cafeicultor Wagner Ferrero, na Fazenda Pântano, em Patos de Minas. Há cinco anos, ele começou a testar em sua propriedade a MGS Paraíso 2. Deu tão certo que o grão desta variedade produzido em sua fazenda foi eleito o melhor café do Cerrado Mineiro nos dois últimos Concursos Estaduais de Qualidade do Café. Para tornar o café ainda mais especial, ele construiu uma nova usina, que possibilitou a utilização do método cujo café é fermentado. “Meu objetivo é sempre procurar as melhores bebidas. Então, tudo tem de ser muito bem feito”, conclui.
Com Comunicação Federação dos Cafeicultores do Cerrado